Saúde, Normalidade e Patologização: o que significa ser “normal”?

Por muito tempo, a ideia de normalidade foi associada à média estatística, à ausência de sintomas ou ao funcionamento “ideal” do corpo e da mente. Mas essa visão é reducionista e excludente. O que é considerado saudável varia de acordo com o tempo, a cultura, a classe social e até com o olhar de quem julga.

A humorous image of a normal person wearing a horse mask while drinking from a mug indoors.

Você já se perguntou o que significa, de fato, ser normal?

Segundo Canguilhem, saúde não é ausência de doença, mas a capacidade de criar novas normas para si mesmo diante das exigências da vida. Em outras palavras: é possível estar doente e ainda assim se sentir vivo. E também é possível estar aparentemente saudável, mas alienado de si mesmo, funcionando apenas no “modo automático”.

O problema é que a sociedade moderna patologiza o que é simplesmente humano.

Chorar, se sentir inseguro, viver um luto ou questionar padrões virou sinônimo de transtorno. A medicalização da vida cotidiana transformou emoções, comportamentos e até corpos em diagnósticos e produtos. O corpo passou a ser domado, moldado, produtificado. A saúde virou um ideal inalcançável: um corpo jovem, magro, disciplinado e eficiente.

A normalidade é uma ficção poderosa.

Ela exclui, estigmatiza e normatiza. O diferente vira patológico. O anômalo vira monstro. O sintoma vira falha pessoal. A indústria da beleza e do bem-estar explora esse medo do desvio, vendendo soluções para nos manter dentro da curva, seja da performance, da produtividade, ou da estética.

E quem está fora dela? Vira pária. Desajustado. Indesejado.

É preciso lembrar que o sofrimento psíquico não é apenas individual, mas nasce muitas vezes da inadequação entre o sujeito e um meio hostil. Um sistema que não admite fragilidade, diferença, pausa ou imperfeição. Um sistema que esqueceu que viver é, por definição, desorganizar-se e reorganizar-se o tempo todo.

Repensar saúde é repensar liberdade.

Liberdade para ser, sentir, errar e mudar. E o papel do profissional de saúde mental não é enquadrar o outro na norma, mas ajudá-lo a se ajustar criativamente à sua realidade, com seus próprios ritmos, limites e potências.

Aprofunde-se…

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