Psicoterapia Breve e o Tempo Existencial

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Brito (2006) discute questões relacionadas ao critério temporal na construção de um modelo terapêutico de curta duração na abordagem gestáltica. Ela aborda três aspectos fundamentais: o critério temporal, a delimitação de um foco de trabalho e a ênfase na condição do cliente para essa delimitação temporal.

O desafio central apresentado pela autora é como determinar a duração mínima necessária para um processo terapêutico, uma vez que a psicoterapia gestáltica é construída a cada momento, resultante do encontro único entre o cliente e o terapeuta. Isso levanta questões sobre como prever o tempo necessário para que o cliente lide com seus conflitos e gestalten inacabadas, e como definir o foco de trabalho quando a queixa inicial do cliente não necessariamente reflete o núcleo da terapia.

Brito destaca a importância de trabalhar com uma visão de tempo existencial, não cronológica, onde a duração da terapia é determinada pela vontade, necessidade e urgência do cliente, juntamente com as possibilidades técnicas do terapeuta. A delimitação do foco de trabalho é realizada através de uma redução fenomenológica nos primeiros encontros com o cliente, permitindo que a terapia se desenvolva de acordo com o ritmo do cliente no tratamento desse foco específico.

Assim, mesmo com a necessidade de um planejamento terapêutico, a autora enfatiza a importância de manter a flexibilidade e a abertura para o processo emergente durante a terapia, destacando como a delimitação de um foco de trabalho e a consideração da vontade e necessidade do cliente desempenham um papel fundamental na construção de um modelo terapêutico eficaz de curta duração na abordagem gestáltica:

Fenomenologicamente só se pode pensar em um planejamento terapêutico em termos de uma hipótese processual que vai sendo construída e revista ao longo de todo o processo; não uma formulação a priori a ser seguida pelo terapeuta e sim uma compreensão a posteriori, do que vai sendo vivido, a cada sessão, como este fio que vai sendo tecido, vai compondo o design da trama; isto ajuda o terapeuta a não extrapolar o objetivo delimitado junto com o cliente, a não ceder à tentação de trabalhar toda a dinâmica psíquica do mesmo.
(Brito, MAQ. 2006. p163)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

BRITO, M. A. Q. (Lika Queiroz). Desafios de uma proposta de psicoterapia de curta duração na abordagem gestáltica. Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies, XII(1), 159-164. 2006.

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